27 abril 2012

Da intensidade

Não gosto de queijo. O único que gosto é queijo de barra (flamengo), misturado com fiambre, nas tostas mistas. E queijo fresco, porque não sabe realmente a queijo. Odeio especialmente o queijo da serra, claro, como não poderia deixar de ser. Aquele cheiro intenso a queijo dá-me vómitos. O que é estranho é que fui ao supermercado no outro dia e dei por mim parada no sítio dos queijos. A escolher um queijo diferente para provar. Eu que não gosto nem de olhar para os quejios, estava lá a escolher queijos para comprar. E comprei. Comecei devagarinho: queijos frescos com ervas, queijinhos pequeninos (que acho são edam), e queijo fundido para barrar. E gostei. Gostei de todos. Mas eu também não me aventurei muito, baby steps. Depois de comer estes, sinto-me preparada para, na próxima visita ao supermercado, comprar emmental e mascarpone. Penso que só daqui a uns meses conseguirei comprar brie e roquefort, que isso de comer bolor não é coisa para meninos. Mas sinto-me feliz por estar finalmente disposta a conhecer um mundo até aqui nada apelativo para mim. Finalmente percebo o que sentem as pessoas nos casamentos quando vêem a mesa dos queijos, percebo o brilhozinho nos olhos.

26 abril 2012

Do secretismo

Não gosto da internet. Do que a internet faz às pessoas. Não é bem do que faz às pessoas, mas do que as pessoas são na internet. Isto é um mundo paralelo, onde as pessoas basicamente podem ser o que quiserem. Se toda a gente revelasse o que anda a fazer na internet, quem as conhece ficaria bastante surpreendido com as suas 'identidades secretas'. Não tanto no Facebook, Hi5 e outros sites públicos, mas blogs, fóruns e sites do género. Por exemplo, recentemente descobri que uma colega de trabalho tem um blog. Coisa que eu nunca imaginaria que ela teria (apesar de o registo condizer com ela). Descobri que uma amiga tem também um blog (ok, pelos vistos toda a gente tem um blog) e que dá explicações e faz (ou fazia) traduções. Tudo coisas que eu não sabia e que provavelmente nunca saberia se não fosse escarafunchar nicks e links e explorar a minha faceta de detective. Aliás, não é preciso ir mais longe. Eu própria tenho este blog a dizer mal de tudo e (quase) ninguém sabe. Para além disso, também vendo coisas em sites. Provavelmente se as pessoas soubessem disso também ficariam surpreendidas. E o mesmo acontece comigo em relação aos outros. A internet deixa-nos ser quem queremos ser. Deixa-nos fazer o que não podemos fazer no mundo real. Deixa-nos ser professores, tradutores, vendedores, poetas, críticos e escritores. Aqui podemos dizer o que bem nos apetece, podemos dar a nossa opinião sincera sem medo de sermos discriminados pelos nossos amigos (podemos ser discriminados por outros anónimos escondidos atrás de nicks, mas isso não nos importa nada), podemos dar asas à imaginação e aos nossos sonhos mais secretos (infelizmente, isso nem sempre é usado para o bem). E há coisas que eu preferia não saber. Estas identidades secretas era sempre assim que se deviam manter. Secretas.

23 abril 2012

Da sujidade

Não gosto de ter o carro sujo. Se há coisa que me incomoda, é olhar para o chão do carro e estar  cheio de terra e areia e tudo. Não tenho por hábito acumular lixo, tipo iogurtes vazios e garrafas de água e papéis infinitos, mas o meu carro ultimamente deve ter acumulado cerca de 3 kgs de terra no chão. Porque não era aspirado há meses, porque nem tempo tenho para dormir, quanto mais para aspirar o carro. E esta situação era uma coisa que todos os dias me fazia muita confusão. Porque custa-me muito entrar em carros porcos. Não por fora; por fora podia ter lama a cobri-lo que desde que eu conseguisse ver, não me faz diferença. Mas por dentro é uma coisa que me incomoda muito. Até que hoje, quando vinha alegremente para o trabalho, com um belo tupperware com morangos com açucar, a porcaria da tampa abriu e o banco do passageiro ficou inundado de molho de morango. Então vi isso como um sinal do universo e fui deixá-lo na oficina para o serviço completo de limpeza. Pela primeira vez. Sempre foi uma cosia que eu achava desnecessária, pois antes eu tinha tempo e facilmente aspirava aquilo. Mas pronto, hoje perdi o amor ao dinheiro e levei o menino ao SPA. E digo-vos uma coisa: é um outro carro. Não é o carro velho e poeirento que deixei na oficina, agora é como se fosse um carro novo em folha saído do stand, com 0 kms. Que maravilha que é, entrar num carro lavadinho. Eu já nem me lembrava da cor original dos tapetes! E já me dá gosto de novo conduzi-lo.

19 abril 2012

Do ostracismo

Não gosto que me chateiem porque acabei com o Facebook. Desde que fechei a conta do Facebook, e sou livre portanto, que as pessoas não param de me chatear. Alguns pensam que só deixei de ser amiga deles e então perguntam tipo 'Olha, o que aconteceu? Já não és minha amiga...' assim num misto de tristeza e desconfiança. Ao que eu tenho de explicar 'Não, não é isso, eu acabei com a conta, o problema não és tu, sou eu'. Outros olham para mim como se eu fosse extraterreste, por ter acabado com o Facebook, onde é que isso já se viu, e perguntam 'Porque é que já não tens Facebook? Que aconteceu?' assim muito revoltados, como se eu não tivesse direito de o fazer, ao que eu respondo invariavelmente 'Nada, estava farta...', com ar de aborrecida. E depois de meses nisto, só me passa uma coisa pela cabeça: que tipo de mundo é este em que as pessoas que cancelam as contas no Facebook têm de dar explicações e são recriminadas pelos demais? Já disse e repito: it's a fucked up world we live in...

18 abril 2012

Da perseguição

Não gosto de ter um gestor de conta. Por alguma razão obcura que eu ainda não atingi, atribuíram um gestor de conta à conta que usava associada ao cartão da faculdade (não percebo porquê a mim, conheço mais pessoas com este tipo de conta que não têm gestor nenhum). Tenho esta conta há anos e uma vez, há cerca de dois anos, ligou-me um senhor e disse que era o meu gestor de conta. Não sei bem porque é que isto aconteceu. Primeiro, porque não tenho assim tanto dinheiro lá, e segundo porque não preciso de um gestor de conta para nada, sempre fiz tudo sozinha, sem sequer recorrer aos balcões, pois hoje em dia consegue-se fazer praticamente tudo online. Ora este gestor de conta é um chato. Está sempre a ligar-me, a mandar mails, a sugerir aplicações, seguros e merdas que não me interessam para nada. Liga para avisar que uma aplicação vai acabar, quando basta eu entrar no site que aparece logo um aviso a dizer isso mesmo. Liga para me dizer para passar lá para levar recibos de vencimento, para assinar papéis que não sei para que servem... Eu já deixei de atender as chamadas dele e agora só respondo a mails, mas nem assim ele se toca. Por favor, senhores da CGD, tirem-me este gestor de conta. Eu não preciso dele para nada, eu sobrevivi anos sem ele e muito bem. Ele só me chateia e tenta impingir coisas que não me interessam. Por favor... Eu não queria ter de chegar ao ponto de fechar a conta só para me livrar dele, mas já estive mais longe de fazer isso.

17 abril 2012

Dos laços

Não gosto de família. Eu não gosto de pessoas em geral, como já se sabe, e a família não é execpção. Se do lado do meu pai, que é filho único, como eu, tenho apenas uns primos muito afastados, já lado da minha mãe há tios e mais tios e primos e tudo isso. E nós não somos obrigados a gostar da família. Não somos obrigados a conviver com a família (pelo menos eu não). Porque eles podem ser família mas não nos dizerem nada. E ao longo dos anos, as pessoas vão-se afastando, à medida que percebem que as pessoas não lhes suscitam nenhum tipo de empatia. Lembro-me que quando andava no ciclo quase todos os meus colegas tinham primos na escola. E eu, por nenhum dos meus primos morar perto de mim, nunca tive nenhum lá. E gostava de ter tido. Agora que ando na faculdade, pela segunda vez (da primeira consegui safar-me), e agora que não quero saber dos primos para nada - claro, tinha de ser - tenho primos na mesma faculdade que eu. Que raios! Tantas faculdades no Porto e tinham de vir logo calhar à mesma que eu. Se eles nem são de cá, porquê vir para tão longe ter aulas? Há uma frase que eu e uma amiga costumamos dizer frequentemente e que realmente sumariza bem esta e muitas outras situações: nunca se pode ter tudo.

16 abril 2012

Da futilidade

Não gosto de revistas cor-de-rosa. O único contacto que tenho com estas é, como seria de esperar, em consultórios, quando me esqueço de levar um livro. Então, quando a espera se torna demasiado longa, vou folheando as revistas que lá estão, que, não faltando à tradição, não têm menos de três meses. A primeira questão que surge é eu não conhecer mais de metade das pessoas que lá aparecem. Este fenómeno é derivado do facto de eu não ver telenovelas, especialmente, e televisão em geral. Depois temos também o facto de as entrevistas ou casos que se relatam serem completamente irrelevantes e, num mundo perfeito, não serem objecto de notícia. O que interessa para a nossa existência que a Alexandra Lencastre tenha ido a uma festa ou que um qualquer casal famoso troque mimos na praia? 80% do conteúdo destas revistas é feito destas notícias de caca. O resto é programação e/ou resumos das novelas e umas poucas páginas de viagens e culinária. Tenho amigas minhas que as lêem todas de uma ponta à outra e sabem sempre tudo o que se passa com essas pessoas. Assim de repente, consigo imaginar cerca de 37595629498 coisas mais interessantes para fazer...

13 abril 2012

Do tempero

Não gosto de salada sem tempero. Isto é muito normal acontecer em restaurantes. Vem a travessa com a comida e salada a acompanhar, na travessa também. Aquilo até tem bom aspecto, com cenoura ralada e tudo, mas quando metemos à boca, eis que percebemos que afinal aquilo sabe a erva e não a salada. A pequena distinção entre erva e salada é feita através do molho. Azeite, vinagre e sal. Para os mais puristas, até pode ter pouco ou nenhum vinagre, pouco ou nenhum sal, mas alguma coisa tem de ter, senão mais vale parar na berma da estrada e comer a erva que nasce nas valetas (também nascem couves, por isso não seria assim tão diferente). Irrita-me imenso que mandem uma salada para a mesa sem tempero. E não venham com a história que é porque as pessoas podem não gostar, porque se a salada vier à parte traz tempero e as pessoas também podem não gostar. Os restaurantes onde vou que trazem salada na travessa com molho ganham logo pontos extra. E vontade de lá voltar.

11 abril 2012

Da especificidade

Não gosto de pessoas que se referem a carros pela marca apenas. Por exemplo, as pessoas perguntam 'Então, andas de Audi, não é? Não tinhas um Opel também?' Isto é tudo muito vago. Audi quê? Pode ser um A1, o mais barato, ou um A8, que custa uma pipa de massa. Tanto pode ser um Corsa B Van, de 1997 com 360 000 km (pequenino, não sei onde andas mas nunca te vou esquecer), como um Insignia com todos os extras. É tudo muito impreciso. 'Eh pah, eu agora tenho um Renault'. Mas que Renault, um Twingo com 10 anos daqueles verdes ou roxos muito feios ou um Mégane station wagon, do modelo mais recente? Temos que ser mais específicos. E o modelo apenas não fornece toda a informaçao necessária, mas sempre ajuda a distinguir melhor os carros. Ok, eu sei que eu sou um bocado picuinhas com isto dos carros... Mas isto é bastante típico em mulheres. Estas situações fazem-me quase sempre lembrar aquela anedota em que um homem e uma mulher falam e ela pergunta-lhe que caro tem e ele responde: um Fiat Punto. E ele pergunta-lhe a ela que carro tem e ela responde: um vermelho.

10 abril 2012

Da portabilidade

Não gosto de trolleys. Aqueles trolleys que agora toda a gente usa para levar os portáteis. Aquilo até pode dar jeito, mas parece-me sempre assim uma coisa que as pessoas usam para se armarem. 'Ai que eu sou tão importante e transporto tantos documentos comigo que tenho de usar este trolley'. É sempre essa a ideia que dá. Na faculdade onde ando, anda toda a gente com essa porcaria. Alunos e professores. É um acessório especialmente querido pelos advogados, tenho reparado. Às vezes estou eu numa aula, quase a adormecer, quando de repente se ouve um barulho como de trovão e eu penso logo 'oh não, é uma tempestade e eu não vou conseguir ir embora porque tenho medo de trovoada'. Mas logo a seguir percebo que, afinal, o rugido vindo dos infernos é um trolley do demo a passar na tijoleira rasca. Damn they!

09 abril 2012

Da atenção

Não gosto de estar a ver um filme e que as outras pessoas estejam a falar. Quer seja no cinema ou em casa ou qaulquer sítio. Acho uma falta de respeito. É para ver o filme, não é para passar meio filme a falar do que comeram na noite anterior ao jantar ou da nova aplicação para o telemóvel. E por falar em telemóvel, outra coisa que me irrita profundamente é pessoas que estão constantemente a enviar mensagens. Por causa da luz, especialmente, que quando se está a ver um filme no escuro aquilo incomoda bastante, mas também os ruídos todos de mensagem enviada, mensagem entregue e depois mensagem recebida e assim sucessivamente. Por isso é que prefiro sempre ver filmes sozinha, em casa ou no cinema. Não tenho culpa que 80% da população hoje em dia sofra de ADD e que não tenha respeito pelos outros e não se importe de lhes estragar os filmes com as suas merdas. Se não estão interessados no filme, ao menos durmam, que assim não chateiam ninguém. Raios!

05 abril 2012

Da originalidade

Não gosto de inventar palavras e que depois alguém as roube. Eu não sou assim tão prepotente que ache que sou um génio que inventa palavras, calma. Mas às vezes sai-me alguma expressão que depois as pessoas que me são próximas começam a usar. Por exemplo, 'freakazóide' (sim, F., fui eu que inventei, não me queiras agora tirar os créditos) ou 'facebooker' (ou gmailer ou 9gager ou acrescentar '-er' no fim de qualquer palavra') ou então a minha mais recente invenção, dedicada especialmente aos Radiohead mas que pode ser aplicada a qualquer banda do género, a qualquer banda que, como eles, faça música 'indieprimente'. Digam lá se não é espectacular? O que me aborrece é que depois as pessoas começam a usar estas palavras e esquecem-se que fui eu a origem delas.

04 abril 2012

Da previsão

Não gosto de previsões metereológicas. Aquilo não se sabe muito bem o que é. A metereologia é assim uma mistura de ciências e de artes adivinhatórias. Mas a parte científica parece-me ser pouca e as artes adivinhatórias quase nunca acertam. É impressionante a quantidade de vezes que aquilo está mal. 'Céu nublado' dizem eles. Pumba, sol o dia todo. 'Chuva e granizo' - céu nublado e vento. 'Céu pouco nublado com boas abertas' - chuva torrencial. Não sei como as pessoas que trabalham nisso ainda têm emprego. Com a crise que por aí anda, manter empregos onde as pessoas se dedicam a tentar adivinhar o tempo, ainda que por meios científicos, é muito estranho. Manter 309 pessoas (sim, eu fui confirmar, trabalham lá 309 pessoas) para adivinhar o tempo,  pagas com o dinheiro dos contribuintes, é um bocado exagerado. Mais valia pagarmos ao Professor Bambo, que provavelmente fazia isso por bem menos dinheiro e acertava tantas ou mais vezes que o Instituto de Metereologia, I.P..

03 abril 2012

Da mediania

Não gosto da Rihanna. Nem sei escrever isso. Rihana. Riana. Rhihanna. Whatever. Não gosto da tipa. Não gosto dela e não gosto das músicas dela. Primeiro, ela é feia que se farta. Veste-se mal que dói. O cabelo dela dá-me pena/vómitos. Para além de gostar de levar, mas isso nem vou comentar. As músicas dela... Bem, essas enjoam-me. Tudo tão básico, tão radio friendly, tão medianozinho, tão 'tudo a mesma trampa'. Não entendo como ela tem tanto sucesso. Ok, entendo, há sempre quem goste. Mas também o que seria o mundo sem pessoas que gostassem de porcaria? O que seria das Rianas, das Beyoncés, dos Coldplay, dos Mickael Carreiras desta vida?

02 abril 2012

Do poder

Não gosto que batam a porta do meu carro com força. As pessoas devem pensar que aquilo é algum portão da quinta ou equivalente, e, quando saem, é vê-los ganharem lanço para baterem a porta com quanta força têm, para ficar bem fechada. As pessoas aproximam-se do meu carro e transformam-se mentalmente no Incrível Hulk, mostrando ao mundo toda a força que têm e materializando todo o seu poder na minha porta do passageiro. É que mesmo depois de eu avisar vezes e vezes sem conta ‘não batas com tanta força, não é preciso, ela fecha bem’, continuam a fazer o mesmo. Pessoas, o carro não é velho, a porta ainda tem força para se fechar com um pequeno empurrão. Mas, a continuarem a fazer isso sempre, sim, vai perder a força e depois vai ser mesmo preciso pedir ao Hulk para ser ele a fechar a porta.
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