27 dezembro 2012

Da maternidade

Não gosto de conversas de bebés. Eu estou lixada: todas as minhas amigas, de grupos e backgrounds diferentes, já abraçaram a maternidade. Há uma que ainda não teve mas tem o relógio biológico a dar horas. É normal, chega-se a uma idade que toda a gente começa a ter filhos. E então vejo-me rodeada de pessoas com filhos, algumas delas a caminho do segundo. E o que é que me chateia nisto tudo? É só se falar da maternidade. É assunto exclusivo. Já não se fala de filmes e séries, de férias e passeios, de pessoas que andaram connosco na escola. Fala-se de mamilos gretados, de trocar fraldas e dar de mamar, de cólicas e dentinhos, de quanto tempo demoram a dar banho à criança, das horas que a criança acorda a meio da noite, dos sapatos novos da criança... É que por muito que eu nem me importe e tente ignorar estas conversas, depois de meia hora a ouvir que a criança só dorme 15 minutos de tarde e depois têm de lhe dar de mamar já vomito conversa de bebé. É que elas nem sequer percebem que isto só me faz querer fugir dali para fora a toda a velocidade. A maternidade pode ser uma coisa muito bonita, não nego, mas cega as pessoas. Passa a ser a única coisa que importa para quem está dentro disso. E não vamos estar com coisas, quem não é mãe/pai não quer saber de cólicas. Quererão, quando chegar a vez deles, mas enquanto isso não acontece, é um assunto que nos passa ao lado. E depois é muito engraçado ver aquelas pessoas que antes, quando eram solteiras, não queriam saber de crianças e depois de terem um filho nos aborrecem com fotos infinitas das suas crias. Lá está, todos seremos assim quando tivermos uma criança nos braços, acredito mesmo nisso, mas enquanto não temos, pais e mães deste mundo, por favor tentem falar de outra coisa quando estão com amigos que não têm filhos. Agradecida.

8 comentários:

Nancy Wilde disse...

Com conversas dessas, como é que quem as ouve ainda pondera ter filhos?!
Essa dos mamilos gretados parece saído do imaginário de um costureiro macabro.
Julgo que a maternidade é o ponto alto da vida de algumas mulheres, e isso chega a dar-me pena. Que é feito das viagens, das bebedeiras épicas até de manhã, das paixões avassaladoras, dos fins-de-semana a dormir até às 3 da tarde sem responsabilidades, ou cozinhados calóricos em picnics com amigos?
Não entendo se são elas que estão erradas, ou se sou eu. Além disso, não tenho pachorra para aturar canalha. Aposto que, de tanto falarem na maternidade, já nem os maridos as podem ouvir. Mas acho que nessa altura até a vida sexual já passou para 2º plano...

Maat disse...

Nancy Wilde, lamento informar-te, mas... vais ser linchada em praça pública, assim que alguma mãe vir o teu comentário :)

Cynthia disse...

1º sou mãe e não faço qualquer intenção de comprar uma guerra com a Nancy Wilde por esse comentário.
A maternidade é, de facto, o ponto alto da vida de muitas mulheres, mas isso só quando lá se chega, se pode compreender e não sou daquelas q tenta convencer. Tudo o resto faz imensa falta, q faz. Mas não há NADA comparável ao q se sente por um filho. No entanto, quem não tem filhos, não compreende e eu entendo isso perfeitamente.

2º isso é uma generalização na qual não me incluo! não sou mãe de baby talking a toda a hora. falo da minha criança qb, quando está no contexto da conversa e, principalmente, quando me perguntam. fotos dele estão no fb, quem quiser vê, quem não quer, não o faz. não vou andar a espetar com fotos infinitas a toda a gente. conversas dessas tenho-as com quem as tem comigo. mas sei mt bem adaptar-me ao resto. consigo e faço-o, falar de saídas, amigos, séries, filmes, música.

a maternidade foi o ponto alto da minha vida, mas isso não significa q abdicava do resto. não é motivo de pena. o motivo de pena surge quando as mulheres deixam de ter qualquer outro interesse na vida para além do papel de mãe.

Cynthia disse...

E quanto à vida sexual morrer quando se tem filhos...


TÃO errado ;)

Alexandra, a Grande disse...

Isso passa-lhes... É só aqueles dois primeiros aninhos. Aguenta firme.

Rachelet disse...

Os meus parabéns à Cynthia pelo seu comentário, que só revela que, como em tudo, há que ter bom-senso. Acho que, acima de tudo, é uma questão de civismo e educação: eu também não me ponho a falar de assuntos que excluam uma ou mais pessoas num grupo, por exemplo, literatura francesa ou viagens, quando sei que há alguém presente que não pesca nada disso.

Há, de facto, mulheres que se esquecem que, antes de serem mães, são mulheres. Isso não é benéfico para os próprios filhos. Que exemplo de dependência extrema estarão a dar-lhes? Pensem nos exercícios de segurança dos aviões: antes de colocar a máscara de oxigénio nos filhos, devem colocar a si próprias.

becas disse...

O pior é ao fim de duas horas a reclamar dos mamilos gretados, da merda das fraldas, dos maridos ausentes, do berreiro noturno das criancinhas, se viram para ti e perguntam " então e tu quando arranjas um?". Porra, rogar pragas longe...

Clara disse...

Eu sou uma das que não queria estar perto sequer de crianças, e que deixou de fazer noitadas quando foi mãe mas, que adorou!Mudou a minha vida para melhor porque no que perdi substitui por outras coisas, o que mantive, mantive!
Ganhei muitas coisas: aprecio mais quando saio, efectivamente com os amigos(menos em quantidade é certo, mas mais em qualidade); continuo a falar de livros e séries, continuo a falar de politica, economia e gadgets, continuo a ir ao cinema.
O problema é mesmo nos primeiros 2 anos como já falaram.
Há quem chame de efeito "mummy brain", falar e falar do seu bebé. Mas penso que seja apenas orgulho, orgulho desmedido porque um filho é algo incrivel, é como nascer outra vez sem ter que morrer. :)

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